Muitos vírus podem ser contagiosos até dois dias antes dos primeiros sintomas aparecerem. Um exemplo preocupante é o vírus do herpes simples, que pode ser passado mesmo sem sinais visíveis. Quando ativo, ele causa bolhas nos lábios e, se transmitido ao bebê, pode gerar complicações graves como o herpes ocular. Essa infecção nos olhos pode provocar dor, desconforto e, em casos mais sérios, danos permanentes à visão, incluindo cegueira. “Por isso é tão importante ter cuidado ao apresentar uma lesão ativa”, alerta a pediatra.
Também é nos primeiros quatro meses que os bebês são mais propensos a infecções bacterianas por pneumococos ou Haemophilus. Com os avanços na vacinação, porém, o cenário mudou, reduzindo a gravidade e a frequência da infecção por essas bactérias nessa faixa etária.
Então, ninguém pode beijar um bebê?
Não é bem assim. Beijos e carinhos dos pais e cuidadores são essenciais para o desenvolvimento emocional e o fortalecimento dos laços afetivos com a criança, fatores importantes para seu crescimento saudável. O contato físico ajuda o bebê a se sentir amado, protegido e seguro – sentimentos fundamentais para sua saúde mental e futura capacidade de se relacionar. “Pai e mãe têm que beijar o filho”, afirma Kalman.
Mas é preciso estar atento. Quando os pais ou cuidadores estiverem doentes, mesmo que seja apenas um resfriado leve, o ideal é redobrar os cuidados: usar máscara, lavar as mãos com frequência e evitar o contato próximo. “Se estou falando de uma doença respiratória, muitas vezes, só de estar no mesmo ambiente o bebê já pode ser contaminado”, ressalta a pediatra.
Outro ponto importante diz respeito a familiares e amigos que vão visitar o pequeno. Para esses casos, Kalman propõe uma reflexão: beijar, pegar no colo ou abraçar é um gesto que beneficia a quem? Se a resposta for apenas ao visitante, então ele não deve acontecer.