O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, repetiu nesta quarta (26) as ameaças de anexar a Faixa de Gaza se o Hamas não libertar os reféns que ainda mantém sob seu poder.
“Quanto mais o Hamas continuar em sua recusa de liberar nossos reféns, mais poderosa será a repressão que exerceremos”, disse Netanyahu em audiência no Parlamento, interrompida por gritos de membros da oposição. “Isto inclui tomada de território e outras coisas”, afirmou, sem detalhar o que seriam as medidas adicionais.
O Hamas reagiu e elevou o tom ao responder que os reféns israelenses podem morrer se Israel tentar libertá-los à força e se prosseguir com os bombardeios em Gaza. “Toda vez que a ocupação [Israel] tenta recuperar seus reféns à força, acaba os trazendo de volta em caixões”, afirmou o grupo terrorista em comunicado.
O Hamas diz ainda que está “fazendo todo o possível para manter com vida os prisioneiros da ocupação, mas que os bombardeios sionistas [israelenses]aleatórios estão colocando suas vidas em perigo”.
Em 21 de março, o ministro israelense da Defesa, Israel Katz, ameaçou anexar parte de Gaza caso o Hamas não liberte os reféns. Ele disse que Tel Aviv está intensificando os ataques por ar, terra e mar para pressionar o grupo terrorista a soltar os sequestrados remanescentes.
O ministro israelense também ameaçou “ampliar as zonas de exclusão ao redor de Gaza para proteger as áreas de população civil” com uma “ocupação israelense permanente” das áreas.
Israel retomou os bombardeios aéreos na Faixa de Gaza, densamente povoada, na semana passada, e também as operações terrestres, encerrando uma fase de relativa calma motivada pelo cessar-fogo alcançado com o Hamas em janeiro.
Desde que Israel voltou a atacar Gaza, pelo menos 830 palestinos morreram, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.
A guerra na região começou após os ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, no qual morreram 1.218 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra o território que matou mais de 50 mil pessoas, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU (Organização das Nações Unidas) considera confiáveis.
Milhares de parentes e amigos dos reféns israelenses têm saído às ruas para protestar contra o premiê. Bibi, como ele é conhecido, é acusado de adotar uma guinada antidemocrática e de continuar a guerra contra o Hamas sem levar em consideração o risco para os reféns.
Na terça (25), o presidente de Israel, Isaac Herzog, criticou a atenção destinada pelo país aos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza.
“Estou bastante chocado com o fato de que, de repente, a questão dos reféns não está mais no topo da lista de prioridades e das notícias —como isso pode acontecer?” perguntou ele, ao compartilhar na rede social X um vídeo de sua participação em uma conferência internacional organizada pelo Ministério da Defesa na Universidade de Tel Aviv.
“Devemos, durante todo este tempo, não perder o contato, como nação e, claro, como sistema de governo, com tudo relacionado a trazer os reféns de volta para casa, até o último deles”, disse Herzog.

