Uma explicação para esse aumento do risco seria a presença de ingredientes como xarope de milho rico em frutose (HFCS), presente em muitas dessas bebidas e que em excesso pode contribuir para inflamações crônicas, resistência à insulina e alterações na microbiota oral — fatores que podem facilitar a carcinogênese na boca.
No entanto, embora o aumento no risco relativo da doença (aquele que se refere à comparação entre os dois grupos) seja substancial, o crescimento absoluto dos casos (a probabilidade real de um evento ocorrer numa população específica) permanece modesto – de apenas três em cada 100 mil pessoas. “Por isso, embora um risco relativo elevado possa chamar a atenção e sugerir uma associação forte, é importante contextualizá-lo com o risco absoluto para não levar a interpretações errôneas”, pondera a oncologista Ludmila Koch, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Ainda assim, o resultado sugere que, ao avaliar hábitos alimentares dos pacientes, o consumo dessas bebidas deve ser um ponto de intervenção. “Na prática clínica, é vital que os profissionais de saúde não apenas informem sobre os riscos, mas também incentivem comportamentos saudáveis para que os pacientes compreendam a magnitude do risco em um contexto mais amplo”, diz Koch.
Isso inclui, segundo a oncologista, discutir a importância de uma dieta equilibrada, a redução do consumo de açúcares e a adoção de um estilo de vida saudável como formas de mitigar riscos, mesmo que o aumento absoluto de casos seja pequeno.
Fatores de risco conhecidos
Para reduzir a incidência dos tumores na cavidade oral, também é preciso monitorar hábitos como tabagismo e consumo de álcool, fatores já consolidados em relação a esse tipo de câncer. Outra medida importante seria promover políticas públicas que visem limitar a ingestão desses açúcares, como campanhas educativas e restrições à publicidade, principalmente aquela direcionada às crianças.