Perder um pet pode ser uma das experiências mais dolorosas para quem compartilha a vida com esses companheiros de quatro patas. O luto pela perda de um pet é tão real quanto a perda de um ente querido. A conexão que desenvolvemos com nossos pets vai além do cuidado diário: eles tornam-se parte da nossa família, da nossa rotina, e é natural que, quando partem, o vazio seja imenso. Lidar com esse luto é um processo profundo, cheio de emoções e, muitas vezes, difícil de navegar.
Homenagear a memória do pet que partiu é uma forma de transformar o luto em amor e gratidão, mantendo viva a conexão com seu companheiro. Foto: stock.adobe.com
Élida de Oliveira, empresária em Jundiaí, interior de São Paulo, sabe disso por já ter vivido a dor da perda de alguns cães. Dois deles, os mais recentes, foram Bernardo, um labrador que chegou em sua vida aos três meses de vida, e Frederico, que chegou aos quatro meses.
Ambos partiram em um intervalo de apenas um ano, entre 2020 e 2021, aos 14 e nove anos, respectivamente. “Todos os dias eu penso neles. E mais do que pensar na morte de ambos, eu penso em como eles chegaram em nossas vidas.
O Bernardo, por exemplo, o primeiro gesto dele para mim, foi dar a patinha. E disso eu nunca vou me esquecer, porque ele ganhou a totalidade do meu coração ali. Eu digo que ele foi a criança mais feliz do mundo e é o labrador mais lindo e amoroso que eu já vi até hoje”, lembra. Ela conta, ainda, que quando tinha seis anos, o Bernardo escapou da chácara onde ela, o marido e os cães moravam, e se perdeu, ficando por mais de três horas preso em uma plantação de bambus no condomínio onde ficava a casa deles.
Neste dia, ela e o marido, com a ajuda dos vizinhos e amigos, procuraram Bernardo por horas até que, seu marido, ouviu um choro. Ele gritou pelo nome do cão e pediu que ele continuasse para que pudesse chegar até ele. E assim o bichano o fez. “Ao chegar na plantação de bambu, meu marido viu, não pensou duas vezes, entrou no lago e agarrou o Bernardo.
O problema é que ele estava preso. Com a ajuda de nossos amigos, meu marido se amarrou em uma corda, segurada por outras pessoas, e investiu ali toda a sua força, sem desistir, até retirar o Bernardo, que ficou em seu colo até chegar em casa. Deste dia em diante, todos os dias, ao dar bom dia, meu marido ganhava um beijo na bochecha do nosso filho de quatro patas. Um gesto de amor e gratidão, que arrancava lágrimas do meu marido”, conta Élida.
Experiências repletas de lembranças e laços, como conta Élida, são vividas por inúmeras pessoas. Isto porque, para além da conexão que cada tutor cria com seu pet, os bichanos ocupam um espaço especial oferecendo amor incondicional e companheirismo. Por isso, de acordo com a psicóloga Taís Amaral, o luto pela perda dos pets pode ser intenso e merece ser reconhecido e, o primeiro passo é permitir-se sentir”. É normal sentir uma variedade de emoções, como tristeza, raiva e até culpa. Aceitar esses sentimentos é um passo importante para a cura”, explica.
Se você nunca passou por isso, pode ser desafiador entender como seguir em frente. E para confortar um pouco e ajudar a administrar as emoções que chegam sem avisar neste momento delicado, trazemos dicas que podem ajudar.
O que fazer para quem nunca perdeu um pet?
- Como dissemos anteriormente: reconheça a dor: o luto é legítimo. Não importa o que outros possam dizer, a tristeza pela perda de um pet é real. Permita-se sentir, chorar e compartilhar suas emoções.
- Dê tempo ao tempo: O luto é um processo e cada pessoa reage de maneira diferente. Não há um prazo definido para superar a dor. Permita-se viver esse momento com paciência, respeitando o seu ritmo. Taís afirma que “muitas vezes tentamos evitar entrar em contato com a dor emocional, porém é fundamental administrá-la, senti-la e lidar com ela por meio do contato com pessoas queridas e até mesmo com o apoio de um profissional da saúde, como psicólogo e psiquiatra, por exemplo”.
- Dedique um espaço para memória: Manter viva a lembrança do seu pet pode ser reconfortante. Seja uma foto especial, um álbum ou uma pequena cerimônia em casa, esses gestos ajudam a transformar o luto em uma homenagem à vida que vocês compartilharam.
- Busque apoio emocional: Compartilhe seus sentimentos com amigos, familiares ou até mesmo em grupos de apoio. Conversar com pessoas que entendem sua dor pode aliviar a carga emocional.
- Escreva sobre seu pet: Muitas pessoas encontram conforto em escrever sobre seu pet e as memórias felizes. Isso pode ajudar a processar as emoções e a lembrar os bons momentos.
- Respeite seu espaço: Há momentos em que a solidão é necessária, mas não se isole completamente. Aceitar ajuda, conversar e estar rodeado de quem compreende seu luto faz a diferença.
- Realize uma cerimônia ou simples ato simbólico, seja em casa ou em um cemitério de animais, é uma forma de honrar o tempo que seu pet passou ao seu lado. Isso ajuda a transformar a dor da despedida em uma memória de gratidão.
- O luto pela perda de um pet passa por fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. É importante entender que esse processo pode ser vivenciado de maneiras diferentes por cada pessoa. Não tenha pressa em sentir-se melhor.
- Apoie-se nas lembranças revistando fotos, vídeos e momentos especiais que você viveu com seu pet. Essas memórias podem ser uma fonte de conforto, lembrando-o da alegria que o seu amigo trouxe para sua vida.
E nesse momento nos perguntamos: O que fazer agora?
Como em nossa vida, para os pets também temos algumas opções e duas delas são: enterrar ou cremar.
Enterro do pet:
- Verifique as legislações locais, pois nem todas as cidades permitem o enterro de pets no quintal de casa. Em muitas regiões, é necessário que o enterro seja feito em cemitérios de animais.
- Enterro em cemitério de animais: Muitas cidades oferecem cemitérios especializados para pets, onde você pode enterrar seu amigo em um local adequado e com a dignidade que ele merece. Os valores para o enterro variam de R$ 500 a R$ 4.000, dependendo do porte do animal e dos serviços adicionais como placas e jazigos.
- Enterro em casa: Se permitido, certifique-se de usar caixões biodegradáveis e cavar uma cova profunda, para evitar que outros animais escavem o local.
Cremação do pet:
- A cremação é uma opção muito procurada, especialmente por quem quer guardar as cinzas do pet em uma urna ou espalhá-las em algum lugar especial.
- Existem dois tipos principais de cremação: cremação coletiva, em que o pet é cremado junto a outros animais (custa em média entre R$ 150 e R$ 400), e cremação individual, onde as cinzas são entregues ao tutor (com valores de R$ 500 a R$ 3.000, dependendo do porte do pet).
- Muitas empresas de cremação também oferecem urnas personalizadas ou outras formas de manter a memória do pet, como joias feitas com as cinzas.
Lidar com a perda de um pet é uma jornada única e emocional. Ao permitir-se viver o luto e, ao mesmo tempo, transformar essa dor em memórias e ações, você honra a vida e o amor que seu companheiro trouxe para o seu lar.
Para alguns, o luto pode ser uma oportunidade de transformar a dor em ação. Voluntariar-se em ONGs de proteção animal ou adotar um novo pet no futuro são formas de continuar o legado de amor deixado pelo seu pet que partiu. Ajudar outros animais em necessidade pode ser um ato de cura e renovação, mantendo viva a conexão especial que os pets proporcionam.