As duas fizeram pesquisas extensas sobre como o luto gestacional e neonatal era conduzido fora do Brasil – especialmente no Reino Unido, considerado um dos protocolos mais completos e mais humanos do mundo. Em 2019, promoveram a primeira roda de acolhimento do Instituto, mas logo perceberam que, tão importante quanto acolher as famílias, era formar equipes de saúde para tratar mães enlutadas com mais sensibilidade. Assim, em 2020, a dupla criou uma formação em humanização do luto. Em cinco anos, mais de 300 profissionais do SUS e da rede particular terminaram o curso, que aborda temas como o tabu da morte na sociedade, o acolhimento a famílias enlutadas, os rituais de despedida e os cuidados paliativos neonatais. Também, questões técnicas como certidão de óbito, sepultamento e protocolos institucionais de doação de leite, por exemplo. “A formação de profissionais e as políticas públicas ajudam a dar contorno a esse luto, que é tão traumático; ajudam a elaborar a dor”, defende Ligia. A equipe pode, por exemplo, preparar a mãe de um bebê que está na barriga sem vida para aquele parto, orientando sobre as opções dela durante e depois daquele nascimento – se ela prefere parto normal ou cesárea, se ela quer ver o bebê, se ela quer doar o leite materno ou ser medicada para interromper a lactação, por exemplo. É importante dar opções e explicar cada uma delas, para que essa mulher que está vulnerável e de luto faça escolhas bem informadas.