Após meses de atritos diplomáticos e disputas comerciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o norte-americano Donald Trump voltaram a se falar — desta vez, em uma conversa por telefone de 30 minutos, na manhã da última segunda-feira (6).
O contato, articulado por equipes diplomáticas após o encontro rápido entre os dois líderes durante a Assembleia Geral da ONU, simboliza um degelo nas relações bilaterais entre os dois países.
Durante o telefonema, realizado no Palácio da Alvorada, Lula tratou de questões econômicas e comerciais, especialmente das tarifas de 50% aplicadas pelos EUA a produtos brasileiros. O petista estava acompanhado do vice-presidente Geraldo Alckmin, do assessor especial Celso Amorim e dos ministros Haddad, Vieira e Sidônio Palmeira.
Em nota, Lula afirmou que o diálogo foi positivo e destacou que ambos concordaram em buscar o restabelecimento de relações amistosas. O presidente brasileiro convidou Trump para a COP30, em Belém, e propôs um encontro durante a Cúpula da Asean, na Malásia.
Trump confirmou a conversa nas redes sociais, dizendo ter tido uma “chamada muito boa com o presidente Lula” e que ambos pretendem “fazer negócios em breve”. O republicano elogiou o brasileiro e disse que “os dois países irão muito bem juntos”.
O gesto ocorre após meses de trocas de declarações duras. Em julho, Lula criticou as medidas unilaterais de Washington e afirmou que o presidente americano “não foi eleito para ser o imperador do mundo”. Em resposta, a Casa Branca classificou Trump como “líder do mundo livre”, e o republicano endureceu o tom, alegando estar “desapontado com o Brasil”.
Nos meses seguintes, a diplomacia brasileira tentou reabrir o diálogo, mas sem sucesso. Apenas em setembro, com o breve encontro na ONU — descrito por Trump como um momento de “ótima química” —, as conversas começaram a evoluir.
Agora, segundo fontes do Itamaraty, a expectativa é de que os dois presidentes mantenham uma agenda de cooperação econômica, apesar das divergências políticas. A leitura no Planalto é que Lula busca defender a soberania nacional sem romper com os Estados Unidos, enquanto Trump tenta reaproximar-se do Brasil por razões comerciais e geopolíticas.
A nova fase do diálogo ocorre num contexto de instabilidade global, com guerras ativas e tensões comerciais crescentes. Para analistas, o telefonema representa um gesto simbólico de pragmatismo, sinalizando que, mesmo com ideologias opostas, Brasil e EUA reconhecem a importância de manter pontes diplomáticas abertas.

