Em vez de alegria, o que surge é ansiedade: o simples fato de receber parabéns, ser marcado nas redes sociais ou planejar uma festa pode provocar um desconforto real, quase físico e, por vezes, exaustivo.
A pressão dos outros também pesa: existe uma expectativa quase universal, de amigos, familiares, colegas de trabalho, de que o aniversário deve ser celebrado, e que qualquer pessoa “normal” ficaria feliz com isso. Essa cobrança por entusiasmo, mesmo quando não é genuína, reforça o sentimento de inadequação.
“Como resultado, há quem, por aversão, opte por se isolar completamente no dia do aniversário, afastando-se das presenças físicas e virtuais, não por frieza, mas como uma forma de proteção emocional”, explica Vanessa Greghi, psiquiatra e diretora médica do IPP (Instituto de Psiquiatria Paulista).
Data nem sempre é querida
Para algumas pessoas, o dia do próprio nascimento traz à tona sentimentos de tristeza, solidão ou até dor, e isso geralmente tem relação com vivências passadas. “Muitas vezes, a raiz desse desconforto está em experiências da infância, como o fato de nunca terem tido aniversários comemorados”, observa Sirlene Ferreira, psicóloga clínica com MBA pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Quem cresceu em ambientes frios emocionalmente, sem carinho ou presença significativa dos pais, pode não ter criado um vínculo afetivo positivo com o aniversário. Em vez de alegria, a data pode representar ausência, negligência ou indiferença, situações que, com o tempo, moldam a percepção do indivíduo sobre seu próprio valor e merecimento de afeto.