A possibilidade de viver até 150 anos voltou ao centro do debate científico e político após declaração do presidente da China, Xi Jinping. Em conversa informal com Vladimir Putin e Kim Jong-un, líderes da Rússia e da Coreia do Norte, respectivamente, Xi afirmou que “há previsões de que neste século seja possível alcançar os 150 anos de vida”.
Especialistas, porém, são categóricos: ainda não há qualquer base científica que sustente essa hipótese. Leonardo Oliva, médico geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), considera a previsão improvável. “Não existe qualquer evidência hoje de que alguém possa chegar a 150 anos, muito menos falar em imortalidade. O limite biológico humano conhecido é de 120 a 125 anos”, afirmou.
A pessoa que mais viveu até hoje foi a francesa Jeanne Calment, que faleceu em 1997 aos 122 anos. Desde então, ninguém superou a marca, o que indica, segundo Oliva, que a humanidade pode estar próxima de um platô. Um estudo da revista The Lancet publicado em 2024 também apontou que a expectativa de vida mundial deve crescer apenas cinco anos até 2050, chegando a cerca de 78 anos.
Milton Crenitte, médico geriatra e pesquisador da USP, reforça que só uma ruptura tecnológica poderia levar o ser humano a idades tão elevadas. “As células sofrem mutações e danos irreversíveis, e isso cria um limite natural”, explicou.
Entre as apostas para retardar o envelhecimento, a biotecnologia é vista como aliada. A professora Valquiria Bueno, da Unifesp, cita pesquisas que utilizam células-tronco para gerar tecidos nervosos e cardíacos, com potencial de combater doenças como Alzheimer. Contudo, a aplicação clínica em larga escala ainda está distante.
Mais do que prolongar os anos de vida, os especialistas defendem a ideia de envelhecer com qualidade. Estudos com centenários mostram que fatores como genética, hábitos saudáveis e condições ambientais favoráveis são determinantes para a longevidade.
De forma prática, médicos recomendam manter uma rotina de exercícios físicos, alimentação equilibrada, sono regular, evitar álcool em excesso e não fumar. O cuidado com a saúde mental e a prevenção de doenças crônicas também são considerados fundamentais.
“Não se trata apenas de viver mais, mas de viver melhor. A prioridade deve ser alcançar idades avançadas com autonomia e menos doenças”, concluiu Oliva.
Com informações do G1

