A morte de Charlie Kirk, baleado enquanto discursava em uma universidade em Utah, representa mais do que a perda trágica de um jovem ativista conservador. É mais um capítulo de uma escalada de violência que tem abalado a democracia norte-americana nos últimos anos.
De atentados contra parlamentares a ataques contra governadores, passando pela invasão ao Capitólio em 2021, o país acumula episódios que colocam em xeque sua tradição de resolver divergências pela via do debate e do voto. A execução de Kirk soma-se a essa lista e reforça a urgência de uma reflexão nacional.
Não importa a ideologia: a violência política é sempre um ataque ao Estado de Direito. A Primeira Emenda existe para assegurar que vozes divergentes possam se manifestar, ainda que incomodem ou provoquem indignação. O assassinato de um líder conservador é tão intolerável quanto seriam os ataques a qualquer outro militante ou político progressista.
O risco de normalização da violência já se manifesta em pesquisas preocupantes. Em 2021, 24% dos estudantes universitários diziam considerar aceitável o uso da força em determinadas situações; agora, o índice já ultrapassa um terço. Essa banalização ameaça reduzir o espaço do diálogo e ampliar o da intimidação.
Este conselho editorial discorda de muitas das posições defendidas por Charlie Kirk. Ainda assim, sua morte brutal não pode ser vista com indiferença. Democratas, republicanos e independentes precisam reafirmar, em uníssono, que não há justificativa para calar adversários com armas.
É hora de conter o ciclo de hostilidade, recuperar a civilidade e buscar um caminho de moderação. Uma sociedade que substitui a palavra pela violência corre o risco de desmoronar.
Editorial do New York Times: O terrível assassinato de Charlie Kirk e o agravamento da violência política nos EUA

